terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Nossa velha infância.

Querido J.P.,
     Éramos tão crianças quando nos conhecemos. Lembro exatamente do dia em que falei com você pela primeira vez e perguntei o porquê do braço engessado. Tinha tentado jogar vôlei ou algo assim.
     No parque, os dois balanços sob os quais você escreveu nossos nomes dentro de um coração, foram os meus preferidos durante muito tempo. Ano passado, quando os retiraram de lá, eu chorei. Foi como se tivessem arrancado um pedaço da nossa história. É, foi trágico assim. Não sei porquê, mas nos apegamos muito à matéria, às lembranças visíveis ... talvez seja medo de não esquecer, medo da memória não falhar.
     Nossas conversas, posso até não lembrar com detalhes, mas sei bem que me faziam sorrir. Seus olhares em mim, que me fazim sentir a única garotinha do mundo. A unica que você poderia gostar. A única que te conhecia bem.
     Todos esses sentimentos se resumiram em um ano tão bom. No ano seguinte você já não estava mais lá. Senti sua falta. Durante uma semana, tão longa, eu derramei tantas lágrimas. Lágrimas que vieram de um amor tão inocente.
     Pena que hoje os amores não são mais assim. Eles te pedem tanta coisa em troca, tantos beijos e tantos carinhos, tantas responsabilidades. E você já nem lembra mais quando foi que você se desligou desse antigo amor livre de receios.
     Voltando a você, ainda cheguei a vê-lo mais uma vez. Mas fiquei com vergonha de falar. Bobagem minha, eu sei. Mal sabia eu que perdi a última chance de pedir que não esquecesse pelo menos meu nome.

2 comentários:

Pancake Chris disse...

AMEI !! Adorei esse texto. Triste saber que o amor depois de uma idade exige tanto de você...bom lembrar dos amores de infância.
Bjão Flô! ;)

Flor disse...

Xriiiis!
Verdade. Quando escrevi o texto não pensava em falar desse amorzinho tão gostoso... mas foi inevitável. Queria tanto poder viver esse isso de novo, ou então para sempre. Sem exigir nada de ngm e o contrário também. ATUALIZA SEU BLOG!