sexta-feira, 1 de julho de 2016

Sinto saudade.

     Sinto saudade de minha casa. Sinto saudade daquele domingo sozinha no parquinho em um dia nublado, brincando no balanço de pneu. Sinto saudade do terraço que eu me escondia quando tinha algum problema acontecendo dentro de mim. Sinto saudade do meu cantinho, do meu quartinho que eu poderia ficar caso o mundo fosse um pouco cruel comigo. Quando eu podia chorar e achar que os problemas iriam se resolver sozinhos.
     Sinto falta do tempo que eu acordava às 6:30 para a escola, colocava o casaco e ia brincando de soltar fumacinha pela boca (fazia frio). Sinto saudade da arquibancada, de olhar para casa do João e ver que a janela do seu quarto estava aberta. Sinto saudade de pegar a escada e pular o muro para a casa da Cendy no fim de semana. Sinto saudade dos amigos de criança, do meu irmão chutando a bola na parede da quadra.
     Sinto saudade do gosto feijão da colônia de férias. Sinto saudade do Lobinho, um cachorro muito grande que meu pai cuidava. Sinto saudade de rezar quando entrava no carro das irmãs para viajar ou para qualquer passeio que tinha. Sinto saudade da casa de praia em Barra de São João. Sinto saudade de andar até a prainha e mergulhar na água morna. Sinto saudade de ir até a minha mãe na hora do recreio pegar meu lanche. Sinto saudade do silêncio, do barulho. É uma saudade não cabe no peito, é constante. É a saudade de uma vida feliz.