quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Que venha o ano novo...

Eu sei, post em cima da hora, já é dia 31 e eu aqui escrevendo.
Queria deixar claro que foi de repente mesmo. Estava sem nenhum espírito de Natal e com nenhuma vontade de deixar 2010. Foi aí que ouvi os fogos... aqueles coloridos, demorados, que deixam no final as suas luzes brilhantes. Normalmente, nos fins de ano, eu sempre fico animada. Quero logo montar a árvore de Natal, sempre invento alguma coisa. Mas esse foi um ano tão atípico para mim. Mais atípico que o próprio ano de vestibular. Arrumei meu primeiro emprego e o segundo também. Comecei a faculdade e terminei meu namoro. Foi aí que me vi sozinha. Sem ninguém para me segurar caso eu caísse, sem ninguém para me ajudar. Meus amigos com outras ocupações, estudos, trabalhos, eu fora de casa o dia inteiro. Me adaptei. Os estudos apertaram e não consegui dar conta de algumas coisas. Mesmo assim, descobri em mim coisas que não sabia que tinha. Força que veio não sei da onde. Fiz novos amigos. Bons amigos. E percebi que posso ter os meus antigos sempre perto de mim, e não de vez em quando. Também me desliguei de muitas coisas, continuo desligada de coisas importantes. Falta alguma coisa. Talvez tenha caído a ficha, talvez eu tenha percebido que a vida é muito mais do que eu pensava e admito que estou com medo. Medo de não dar conta de tudo.
O que eu peço para 2011, é exatamente aquilo que me falta. O que eu preciso para continuar seguindo em frente com coragem.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Talvez seja tempo de me doar a mim mesma.

     Falar de amor cansa, às vezes. Sempre fiquei inspirada com os poemas de Pablo Neruda. Sério. Eles são apaixonantes. Mas são ótimos para épocas em que você está amando. E, se no momento, por um infortúnio da vida, você estiver sozinha e não amando ninguém? OBS: isso não inclui seus pais!
     Eu nunca, acho que desde a 5ª série fiquei sem gostar de alguém. Ok, amores impossíveis, amores platônicos, ex namorados. Esse último conta, os outros ... não preciso nem comentar. Eu continuo fazendo as mesmas coisas, lendo os mesmos textos que me ajudaram a superar algumas coisas que passaram e acho que ainda tenho mais tempo pra mim! Menos gente pra te encher o saco e te cobrar alguma coisa. Tá certo, não é assim.
     Hoje saí com uns amigos e descobri que estou super anti-romântica. É triste tá? Porque quando vi meu amigo escrever um bilhete pra garota que ele gosta, achei bem estranho. Não sei, acho que é vestígio de um ex seco. Não é de propósito. É só que algumas situações fazem amadurecer nessas questões. Infelizmente, você também pode mudar um pouco, não pra pior, mas um diferente não tão legal. Não fiquei contente com o que descobri.
     Sempre fui apaixonada por tanta coisa, pelas pessoas, pela vida. E não que isso tenha acabado, mas você começa a sentir o peso de sempre estar assim. As pessoas começam a achar que você é maluca e que deve entrar para o grupo de apoio Mulheres que Amam Demais. Só porque você sente prazer em viver, ama as coisas da vida, é feliz. Até porque, é normal as pessoas levarem um relacionamento só por levar, para não estarem sozinhos quando o dia acabar. Não é assim, eu não quero ser nenhuma dessas pessoas. Não quero amargura, nem descaso.
     Eu sei que sou impulsiva e posso me arrepender depois. Eu dou o que posso para quem está comigo. Não peço muito, não quero retribuição. Quero sentimento. O mínimo que eu peço é o essencial. Quero poder viver um dia de cada vez, uma estação por vez, um amor por vez. No momento, sei que não estou para ninguém. Mas quando estiver, eu quero viver e mergulhar novamente nos textos de Pablo.
  

Foi nessa idade que a poesia me veio buscar
Não sei de onde veio
Do inverno, de um rio
Não sei como nem quando
Não, não eram vozes
Não eram palavras
Nem silêncio
Mas da rua fui convocado
Dos galhos da noite
Abruptamente entre outros
Entre fogos violentos
Voltando sozinho
Lá estava eu sem rosto
E fui tocado."
Pablo Neruda

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Nossa velha infância.

Querido J.P.,
     Éramos tão crianças quando nos conhecemos. Lembro exatamente do dia em que falei com você pela primeira vez e perguntei o porquê do braço engessado. Tinha tentado jogar vôlei ou algo assim.
     No parque, os dois balanços sob os quais você escreveu nossos nomes dentro de um coração, foram os meus preferidos durante muito tempo. Ano passado, quando os retiraram de lá, eu chorei. Foi como se tivessem arrancado um pedaço da nossa história. É, foi trágico assim. Não sei porquê, mas nos apegamos muito à matéria, às lembranças visíveis ... talvez seja medo de não esquecer, medo da memória não falhar.
     Nossas conversas, posso até não lembrar com detalhes, mas sei bem que me faziam sorrir. Seus olhares em mim, que me fazim sentir a única garotinha do mundo. A unica que você poderia gostar. A única que te conhecia bem.
     Todos esses sentimentos se resumiram em um ano tão bom. No ano seguinte você já não estava mais lá. Senti sua falta. Durante uma semana, tão longa, eu derramei tantas lágrimas. Lágrimas que vieram de um amor tão inocente.
     Pena que hoje os amores não são mais assim. Eles te pedem tanta coisa em troca, tantos beijos e tantos carinhos, tantas responsabilidades. E você já nem lembra mais quando foi que você se desligou desse antigo amor livre de receios.
     Voltando a você, ainda cheguei a vê-lo mais uma vez. Mas fiquei com vergonha de falar. Bobagem minha, eu sei. Mal sabia eu que perdi a última chance de pedir que não esquecesse pelo menos meu nome.