quarta-feira, 25 de novembro de 2009

The hardest part.




          A parte mais difícil de uma despedida, é você ter que dar adeus a pessoas e coisas que por muito tempo fizeram parte da sua vida. O colégio é uma etapa de aquisição de conhecimento e valores que são eternizados. Ter que dar um até logo aos seus amigos com a promessa de : "Vamos combinar de sair, sim!", "Claro que vamos nos ver!", "A parada agora é sair junto e se divertir, vamos nos ver sempre", sabemos que aquele dia a dia (sim, aquele que já foi muito chato e que você não aguentava nem mais olhar pra cara das mesmas pessoas) isso não vai voltar, não com os mesmos amigos, não com o mesmo carinho e nem com a mesma sinceridade.
          Guarde, guarde tudo o que puder, suas aventuras, suas piadas, seus recadinhos, fotos, depoimentos e tudo que faz lembrar dessa época, coloque em uma caixa e feche, um dia você vai abrir e vai ver que aqueles dias se tornaram inesquecíveis.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O Livro dos Prazeres - Clarice Lispector (fragmento)

"...Estou em plena luta... Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não termos um ao outro... Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo.
... Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer 'pelo menos não fui tolo' e assim não ficarmos perplexos antes se apagar a luz. Mas eu escapei disso Lori, escapei com a ferocidade com que se escapa da peste e esperarei até você também estar mais pronta."

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

África, um continente em extinção...

Nossos problemas não são nada comparados aos dessas pessoas que não têm apoio de nenhum governo, são menosprezadas diante de ricos empresários ou pessoas importantes.
Quantas vezes mostram na televisão que houve uma guerra civil em países africanos? Ou quantas pessoas morrem de fome no mundo e o porquê? 
O que mais vemos é o acompanhamento de assassinatos de pessoas poderosas, o que você deve usar na próxima estação, emagreça com as modelos...
Algumas emissoras de TV poderiam mostrar em seus documentários no jornal que a vida sem uma ideologia, sem conhecimento não é nada e que se um dia as pessoas acharem que o mundo está perdido, ele realmente estará.

Agradeça a Deus pela sua vida e pela vida das pessoas que você ama e não espere sentado esperando que o mundo vai melhorar, porque ele não vai. Participe de projetos, ligue para o conselho tutelar se vir alguma criança perdida nas ruas, não os torne dependente de você[dê o peixe e ensine a pescar], se envolva nas causas sociais, procure um hospital perto de você e veja o que eles estão precisando e ajude, mas ajude de coração porque você não terá recompensa, talvez não receba um obrigado, mas quem sabe receba um sorriso mais gratificante que qualquer palavra.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

As melhores frases de um dos melhores livros .

É surpreendente como um livro pode mexer com o interior de uma pessoa ... alguns emocionam, outros frustam e outros ainda tiram todas as nossas forças e tornam os nossos problemas tão pequenos, que nos envergonhamos de se preocupar ao extremo com eles.

A Cidade do Sol.

Impressionante história de duas mulheres afegãs. Mariam e Laila. Um único marido. Duas gerações, dois meios intelectuais, uma Volga e outra um Mercedes numa comparação estúpida do marido. A princípio rivais, mas a opressão em que viviam a tornaram iguais e foi justamente na dor que elas se viram unidas. Ambas constroem uma relação de cumplicidade,  de carinho, de cuidado e de amor  extremo uma pela outra. Uma arrisca a própria vida para defender a sua amiga. A outra entrega a própria vida para salvar a  vida daquela que aprendeu a amar como se fosse a sua filha. Presas numa casa, elas cultivam valores de lealdade, generosidade, amor incondicional, valores de uma integridade indiscutível em contraste radical com a força brutal, desumana e discriminatória do seu marido e do regime do talibã. É uma história de ódio, mas também de amor. Do amor de infância que atravessa os anos e vence a despeito de toda a força contrária.

"Ali o futuro não contava. E o passado só continha uma certeza: o amor era um erro nocivo, e sua cumplice, a esperança uma ilusão traiçoeira. E onde quer que brotassem estas duas flores venenosas, Mariam as arrancava. Arrancava e jogava fora, antes que criassem raízes."

"Assim como uma bússola precisa apontar para o norte, também o dedo acusador de um homem sempre encontra uma mulher à sua frente. Sempre. Nunca se esqueça disso, Mariam."

"Você pode ser tudo o que quiser, Laila jan."

"De todas as dificuldades que uma pessoa tem de enfrentar, a mais sofrida é, sem dúvida, o simples fato de esperar."

"(...)Mariam acenou carinhosa. Dobram a esquina e Laila nunca mais voltou a vê-la."

"Pela última vez, Mariam fez o que lhe mandaram fazer."

sábado, 5 de setembro de 2009

Ah, Charles ...


     Nunca achei que minha visão sobre filmes poderia se expandir. Charles Chaplin? Pior! Antes de conhecer, achava que aquele carinha esquisito e mudo só sabia fazer caras e bocas e andar de um jeito engraçado. Apesar de tudo, minha professora de história teve a ideia de passar o filmes 'O Grande Ditador' para a nossa turma, época de vestibular né.
     Acho que todos, uma vez na vida, deveriam assistir os filmes do Charles! São incríveis, brilhantes! Em tempos como aqueles, de guerras e censura, o mundo se abriu, sem querer, por não entender a mensagem que ele tentava passar.

"O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.
A cobiça envenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódios e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.
Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.
Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido."
(O Último discurso, do filme O Grande Ditador)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Who's bad ? - Kiko Riaze


“O que está acontecendo com o mundo hoje após a morte de Michael Jackson já mostra quem ele era.”

Esta foi mais ou menos a frase que ouvi do ator Murilo Rosa ontem na tv. Acho que essas palavras resumem tudo. Michael foi o artista pop do século. Ele era completo: cantor, dançarino, compositor, produtor…
Fez parte da minha infância . Eu ficava vidrado na frente da tv quando passava o clip de Thriller. Na minha casa tínhamos todos os seus discos de vinil e eu adorava ver meu irmão do meio fazendo os passos do moonwalker com sapatilhas e meias iguais as dele ao som de Bad.
Escândalos a parte, que nunca saberemos até que ponto eram verdadeiros, a trajetória artística e humanista de Michel e toda sua obra são inegavelmente marcantes e nunca serão esquecidas.
Após a sua morte, o cantor Will.I.am disse :"Eu não ficaria surpreso se a terra parasse de girar amanhã". Claro que tem um grande tom de exagero nisso, mas a comoção que tomou conta do mundo tem razão de ser.
Michael abriu nossos olhos para este monte de regras e costumes tolos a que estamos presos e não queremos ver. Agora, estamos enxergando nossa verdadeira condição humana, que inclui glória e dor, fama e solidão e, por isso, estamos chocados.
Michael Jackson subvertia todas as convenções. Viveu de maneira dolorosamente lúdica mas, de certa forma, inspiradora.
Foi um grande privilégio para todos nós vivermos em sua época. Que tiremos bom proveito disso e também, todas as gerações que virão.


Assim como Peter Pan, Michael não envelheceu. Eis o seu legado :”Neverland é um lugar na mente”.

Postagem por: Kiko Riaze - http://kikoriaze.wordpress.com/2009/06/29/whos-bad
Viva Michael!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Fernão Capelo Gaivota

"- Por quê, Fernão, por quê? - Perguntava-lhe a mãe. - Por que é que lhe custa tanto ser como o resto do bando? Por que você não deixa os voos baixos para os pelicanos, para o albatroz? Por que não come? Filho, você está que é só pena e osso!

- Não me importo de estar pena e osso, mãe. Eu só quero saber o que posso fazer no ar e o que não posso, é tudo. Só quero saber isso.

-Escute, Fernão - disse-lhe o pai com bondade. - O inverno não está longe. Haverá poucos barcos e o peixe da superfície irá para zonas mais profundas. Se você tem necessidade de estudar, então estude o alimento e como consegui-lo. Esta história dos voos está muito certa, mas você tem de pensar que não pode comer um voo rasante. Não esqueça que a razão por que você voa é comer.

Fernão baixou a cabeça, obediente. Nos dias seguintes tentou comportar-se como as outras gaivotas; tentou de fato, gritando e lutando como o resto do bando, em volta dos pontões e dos barcos de pesca, mergulhando sobre restos de peixe e de pão. Mas não conseguiu."


A história de Fernão Capelo Gaivota foi um aprendizado para mim. Apesar de ter entrado no mundo da literatura muito nova, lembro de ter ficado meio atordoada depois de ter lido o livro. É uma história com um significado muito maior do que eu podia imaginar na época.
Reli há pouco tempo e o que descobri foi impressionante.
O autor trata da liberdade na sua forma mais inocente, quando pensávamos em ser um pássaro para poder alcançar os lugares mais inusitados que habitavam em nossas mentes. Queríamos liberdade.
O livro quer resgatar a liberdade primitiva, aquela que nos impulsiona a alcançar voos imcomparáveis.


" Para as pessoas que inventam as suas próprias leis quando sabem ter razão;
Para as que têm um prazer especial em fazer coisas bem feitas, nem que seja só para elas;
Para as que sabem que a vida é algo mais do que aquilo que os nossos olhos vêem. "

domingo, 5 de julho de 2009

Entre as folhas do verde - Marina Colasanti

O príncipe acordou contente. Era dia de caçada. Os cachorros latiam no pátio do castelo. Vestiu o colete de couro, calçou as botas. Os cavalos batiam os cascos debaixo da janela. Apanhou as luvas e desceu. Lá embaixo parecia uma festa. Os arreios e os pêlos dos animais brilhavam ao sol. Brilhavam os dentes abertos em risadas, as armas, as trompas que deram o sinal de partida. Na floresta também ouviram a trompa e o alarido. Todos souberam que eles vinham. E cada um se escondeu como pôde. Só a moça não se escondeu. Acordou com o som da tropa, e estava debruçada no regato quando os caçadores chegaram. Foi assim que o príncipe a viu. Metade mulher, metade corça, bebendo no regato. A mulher tão linda. A corça tão ágil. A mulher ele queria amar, a corça ele queria matar. Se chegasse perto será que ela fugia? Mexeu num galho, ela levantou a cabeça ouvindo. Então o príncipe botou a flecha no arco, retesou a corda, atirou bem na pata direita. E quando a corça-mulher dobrou os joelhos tentando arrancar a flecha, ele correu e a segurou, chamando homens e cães. Levaram a corça para o castelo. Veio o médico, trataram do ferimento. Puseram a corça num quarto de porta trancada. Todos os dias o príncipe ia visitá-la. Só ele tinha a chave. E cada vez se apaixonava mais. Mas a corça-mulher só falava a língua da floresta e o príncipe só sabia ouvir a língua do palácio. Então ficavam horas se olhando calados, com tanta coisa para dizer. Ele queria dizer que a amava tanto, que queria casar com ela e tê-la para sempre no castelo, que a cobriria de roupas e jóias, que chamaria o melhor feiticeiro do reino para fazê-la virar toda mulher. Ela queria dizer que o amava tanto, que queria casar com ele e levá-lo para a floresta, que lhe ensinaria a gostar dos pássaros e das flores e que pediria à Rainha das Corças para dar-lhe quatro patas ágeis e um belo pêlo castanho.Mas o príncipe tinha a chave da porta. E ela não tinha o segredo da palavra. Todos os dias se encontravam. Agora se seguravam as mãos. E no dia em que a primeira lágrima rolou dos olhos dela, o príncipe pensou ter entendido e mandou chamar o feiticeiro. Quando a corça acordou, já não era mais corça. Duas pernas só e compridas, um corpo branco. Tentou levantar, não conseguiu. O príncipe lhe deu a mão. Vieram as costureiras e a cobriram de roupas. Vieram os joalheiros e a cobriram de jóias. Vieram os mestres de dança para ensinar-lhe a andar. Só não tinha a palavra. E o desejo de ser mulher. Sete dias ela levou para aprender sete passos. E na manhã do oitavo dia, quando acordou e viu a porta aberta, juntou sete passos e mais sete, atravessou o corredor, desceu a escada, cruzou o pátio e correu para a floresta à procura de sua Rainha. O sol ainda brilhava quando a corça saiu da floresta, só corça, não mais mulher. E se pôs a pastar sob as janelas do palácio.