quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Saindo da caverna.

     Calor. É o que me faz realizar que estou viva nesse momento. Não sinto meus pés ou braços, ou mesmo posso abrir os olhos. Mas sinto queimar da carne aos ossos. Então me pergunto: O que é viver senão sentir? Como posso ver e tocar, se a vida é apenas uma grande ideia de existência? Percebo que não posso me limitar aos sentidos comuns, é preciso ir além no pensamento. Limitar é estar no mundo dos sensível, beirando apenas vestígios de um outro mundo em que o pensamento é a busca maior. Viver quer dizer libertar-se. O calor continua, mas agora incomoda bem menos, tenho a certeza de que estou viva e sã.

domingo, 17 de novembro de 2013

Feelings com Charles Bukowski.

“Tinha um pouco de cerveja na geladeira e ficamos lá sentados, conversando. E só então percebi que estava diante de uma criatura cheia de delicadeza e carinho. Que se traía sem se dar conta. Ao mesmo tempo se encolhia numa mistura de insensatez e incoerência. Uma verdadeira preciosidade. Uma joia, linda e espiritual. Talvez algum homem, uma coisa qualquer, um dia a destruísse para sempre. Fiquei torcendo para que não fosse eu.”

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Um último reply.

Oi,

Tudo o que eu penso quando começo a escrever alguma coisa para te responder, é pedir desculpa. Desculpa pelo meu último e-mail. Muitas vezes pensei em voltar atrás, que não era bem aquilo que eu queria dizer, ou pelo menos não daquela forma. Percebi então, que era a única forma de conseguir fazer você viver. E não, não é prepotência ou exagero da minha humilde existência, era necessidade mesmo, tanto pra você quanto pra mim. Esquecer o que passou é impossível, mas a distância é uma forma de amenizar o dia-a-dia e seguir em frente.

Obrigada por me deixar saber da sua vida e fico muito feliz pelas boas notícias. Apesar de não ter tanta coisa minha pra falar, porque muita você já sabe, quero enfatizar que não me arrependo em nada do tempo que vivi com você. Foram os melhores anos que eu pude ter, apesar das brigas, discussões e alguns incidentes mais persistentes, nada se compara às coisas boas que vivemos.

Nada disso que eu falo aqui pode ser inventado ou mentira, eu abro meu coração agora e sei da importância que você sempre terá na minha vida. Não fique triste por nosso fim, afinal "o fim é apenas a maneira como tudo acaba", e isso não importa. Pense que apenas seguimos caminhos diferentes e temos sonhos que não conseguem andar juntos. 

Continue respeitando seus pais, converse mais com seu irmão. E o que posso te desejar é o melhor que uma pessoa pode oferecer à outra.

PS: Nada que eu escreva pode se comparar ao que você escreveu.






quarta-feira, 10 de abril de 2013

Nunca mais.

Era como se o desespero me sufocasse de tal forma que aquela era a única saída, a famosa luz no fim do túnel. O impulso veio, rápido como uma bala e irracional, quando percebi já não tinha mais meus pés firmes. Tão depressa, um sopro, um segundo, um piscar de olho e a névoa. Aquele desespero de outrora se transformou em arrependimento e fotos. Aquela de 96 no parque, outra comemorando algum aniversário. A última foi com ele, que mesmo depois de tudo ainda teimava em aparecer. Era o que eu tinha de bom, afinal. Tinha. Passado. Agora veio o medo. Será que tudo estava tão mal assim que não pudesse melhorar? Arrependimento. Medo. Desespero. Logo depois veio a calma eu só conseguia pensar na merda que eu tinha feito. [...]


quinta-feira, 14 de março de 2013

Take my photo off the wall

   Dúvidas surgem, é normal, mas quando as dúvidas atingem um relacionamento, é hora de parar e pensar. Tudo tem um fim, e você sabe quando chega. Você sente. Na maioria das vezes, o que ocupa nossa mente e atrasa qualquer decisão, é o medo. Medo ou preguiça, porque estamos tão acostumados a ouvir todos os dias a voz da outra pessoa, a sentir o perfume, a contar nossos problemas, desabafar, que sentimos que devemos viver sempre agarrados em alguma coisa, em alguém.

   Temos medo de sair de uma zona de conforto criada com muito custo, medo de sofrer. Só que, infelizmente, o sofrimento faz parte da nossa vida, e nunca estaremos livre dele. Ao mesmo tempo que machuca, o sofrimento te fortalece e serve para nos fazer enxergar que a vida é muito mais que viver em função de alguém que nem sempre te fez bem, mas que "pelo menos está aqui".

   Nós precisamos da dor para reconhecer nossas fraquezas e refletir sobre nossos próximos passos. Fechar um ciclo para que outro comece. É frustrante ficar batendo na mesma tecla, sabendo que apesar das promessas, nada vai mudar. Temos que saber a hora certa de desapegar de certas coisas e seguir em frente com outras.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Poemas e poesias

"Eu hoje acordei triste, - há certos dias
em que sinto esta mesma sensação
E não sei explicar, qual a razão
porque as mãos com que escrevo estão tão frias... (...)"

     Esse foi o primeiro poema que lembro ter lido, na mesma época também conheci Meus Oito Anos, de Casimiro de Abreu. Eu viajava para Barra de São João nas férias e sempre levava um livro comigo, era criança ainda e naquela vez acabei levando Uma Professora Muito Maluquinha, do Ziraldo. Acho que foi o melhor livro da minha vida, e não digo em história. Mostrou, além de meu primeiro contato com a poesia, que às vezes decisões são necessárias e que nem sempre entendemos o motivo da decisão do outro. 
     Depois desse dia, reli o livro uma centena de vezes, afim de buscar um novo sentido para a leitura, e conforme fui crescendo, encontrava um significado cada vez. É que nem o Pequeno Príncipe, só que mais direto. 
     Recentemente, eu acabei doando o livro, acho que outras pessoas gostariam de ter a oportunidade que me foi dada, mas o poema continua na mente, quase de cor:

"Eu hoje acordei triste, há certos dias
em que sinto esta mesma sensação
E não sei explicar, qual a razão
porque as mãos com que escrevo estão tão frias...

E pergunto a mim mesmo: tu não rias
ainda ontem tão feliz? diz-me então
por que sentes pulsar teu coração
destoando das humanas alegrias?

E, nem eu sei dizer por que estou triste...
Quem me olha não calcula com certeza
o imenso caos que no meu peito existe...

A tristeza que eu sinto ninguém vê
- E a maior das tristezas é a tristeza
que a gente sente sem saber por quê."

                    J.G de Araújo Jorge