quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Ipê

E lá estava ela, pensativa que só, admirando a cor roxa dos ipês enquanto atravessava a avenida. Havia uma certa relutância, afinal, aquele momento trazia lembranças de outrora.
Um fim de tarde iluminada pelo sol, sentada num banco da praça. Um abraço forte e sereno. Olhares.
São memórias boas, de fato, mas que particularmente traziam consigo um sentimento de solidão. Um vazio que ela jamais soubera administrar, que crescia na medida em que fazia seu coração transbordar pelos olhos.

Quando percebeu, estava parada diante de uma pontezinha que tem ao final do rio.
Seu olhar acompanhava o deságue e se deu conta de que havia um ar sereno e singelo em tudo que observara até agora. Compreendeu, então, que a vida e os problemas coexistem, que neste caminho que percorrera, apesar das recordações doloridas, existia também esperança.

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